As leituras do último domingo estão voltadas para o sacramento do matrimônio e para a família. No texto do Evangelho segundo S. Marcos (10,2-16), Jesus Cristo estabelece claramente qual a vontade divina, expressa já na criação do mundo:
Chegaram os fariseus e perguntaram-lhe, para o pôr à prova, se era permitido ao homem repudiar sua mulher. Ele respondeu-lhes: “Que vos ordenou Moisés?”. Eles responderam: “Moisés permitiu escrever carta de divórcio e despedir a mulher”. Continuou Jesus: “Foi devido à dureza do vosso coração que ele vos deu essa Lei; mas, no princípio da Criação, Deus os fez homem e mulher. Por isso, deixará o homem pai e mãe e se unirá à sua mulher; e os dois serão senão uma só carne. Assim, já não são dois, mas uma só carne. [cf. Gn 1,27;2,24] Não separe, pois, o homem o que Deus uniu”.
Em casa, os discípulos fizeram-lhe perguntas sobre o mesmo assunto. E ele disse-lhes: “Quem repudia sua mulher e se casa com outra, comete adultério contra a primeira. E se a mulher repudia o marido e se casa com outro, comete adultério”.
A mensagem é clara – e prossegue com a benção das crianças, que são elas mesmas a benção do casamento (Gn 1,28; Sl 126).
Mas, a mensagem da Revelação vai além. Primeiramente, como instrumento da graça de Deus: “Porque o marido que não tem a fé é santificado por sua mulher; assim como a mulher que não tem a fé é santificada pelo marido que recebeu a fé” (1Cor 7,14). O matrimônio é, portanto, sacramento, pois sinal vivo e eficaz da graça, instituído pelo Verbo Eterno, que é Nosso Senhor Jesus Cristo.
Em segundo lugar, por semelhança e com grande beleza, a Igreja é esposa de Cristo:
Maridos, amai as vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela, para santificá-la, purificando-a pela água do batismo com a palavra, para apresentá-la a si mesmo toda gloriosa, sem mácula, sem ruga, sem qualquer outro defeito semelhante, mas santa e irrepreensível. Assim os maridos devem amar as suas mulheres, como a seu próprio corpo. Quem ama a sua mulher ama-se a si mesmo. Certamente, ninguém jamais aborreceu a sua própria carne; ao contrário, cada qual a alimenta e trata, como Cristo faz à sua Igreja, porque somos membros de seu corpo. [Ef 5,25-30]
O matrimônio aparece dessa maneira também no Apocalipse de S. João (19,7-9), quando nos são narradas as núpcias do Cordeiro com a Esposa vestida com o “linho puríssimo e resplandecente” que são as boas obras dos santos. “Felizes os convidados para a ceia das núpcias do Cordeiro”, são palavras autênticas de Deus. Alegremo-nos, pois todos nós somos convidados (Mt 22,9) – e o matrimônio é sua antecipação (Catecismo da Igreja Católica, 1642).